25/02/24
Mormaço. Janelas do coração abertas. Suco de pêssego.
Os
objetos mais caros
e
valiosos nunca estão
facilmente
acessíveis em
prateleiras
e mostruários.
Com
as pessoas é assim também.
Algumas
delas, raras, exigem luvas
para
serem tocadas.
25/02/24
Mormaço. Janelas do coração abertas. Suco de pêssego.
Os
objetos mais caros
e
valiosos nunca estão
facilmente
acessíveis em
prateleiras
e mostruários.
Com
as pessoas é assim também.
Algumas
delas, raras, exigem luvas
para
serem tocadas.
Na noite do dia 1º/11/23, no Tubuna, em Bento Gonçalves-RS, aconteceu o lançamento do meu livro Breviário de levitação. Foi um momento muito significativo e uma oportunidade para reunir familiares, amigos, colegas e agentes da cultura. O clima não poderia estar melhor, com muito carinho propiciado pelos encontros humanos em torno da literatura e da poesia.
A artista plástica Karem Poletto Jacobs retorna ao ciclo de exposições com sua nova mostra: IN-VISÍVEL. Tive o prazer de escrever o texto crítico da exposição, que está em cartaz no TUBUNA, em Bento Gonçalves/RS.
*****
O jogo entre a interioridade e a
exterioridade é uma constante na história humana. Do relevo epidérmico do corpo
à dinâmica de suas reações químicas – diálogo entre o visível e o invisível –
há uma história a ser contada. Mais: há uma fonte de indagações sobre o enigma
do homem.
Na exposição In-visível, Karem
Jacobs aceita o desafio de perscrutar aspectos do jogo instigante entre o
interno e o externo. Por esta via, a artista revigora seu trabalho em busca de
novas visualidades, novos arranjos formais, novas texturas e composições. A
atitude que marca as obras apresentadas é incisiva, perfurante, violadora. A
minúcia, o mínimo e o recôndito protagonizam o gesto criativo da artista.
Se, outrora, o corpo humano aparecia em
suas criações conservando uma estrutura figurativista, ainda que transfigurada
pelo realismo orgânico próprio de sua linguagem, agora ele está presente como
reminiscência, lembrança vaga. A corporalidade exterior de suas produções
passadas dá lugar ao teatro fisiológico de células, tecidos, vísceras... É
ainda o corpo, porém, agora, a busca da artista é por algo mais sutil e
silencioso.
A curiosidade humana acerca do que está
dentro – o interior das coisas, os espaços íntimos – movimenta profundas
energias tanto físicas quanto psíquicas. Em seu livro A Terra e os Devaneios
do Repouso, Bachelard investiga as imagens da intimidade mediante um
empenho de grande beleza diante do “mistério encerrado no detalhe das coisas.”
Estão ali intuições refinadas sobre a caverna, a casa, o ventre, a raiz...
mundos impregnados de interioridade.
Na esteira das intuições do citado filósofo, Karem Jacobs lança-se no rio sanguíneo do corpo, faz sua peregrinação pela geografia das células, vaga pelo labirinto das vísceras. Atenta aos detalhes, aos ritos movediços da fisiologia humana, a artista vislumbra recomeços, reconexões, ressurgimentos. Não se trata de solipsismo, de um monólogo ou de um exercício pessoal. Definitivamente, é generosa a safra de obras desta artista que, ao olhar para dentro, nos convida à reflexão sobre as várias singularidades individuais, as quais só atingem seu sentido pleno quando projetadas na exuberância da espécie.
Clóvis Da Rolt
Poeta e professor universitário
Na noite de 19/10/23, na cidade de Arroio Grande/RS, ocorreu o lançamento do meu livro Breviário de Levitação. Foi um momento incrível, carregado de entusiasmo pela arte e pela literatura. O lançamento ocorreu no Centro de Cultura Basílio Conceição, onde estiveram presentes amigos, alunos, ex-alunos, professores e agentes da cultura.
Os textos que compõem este livro, cento e cinquenta ao todo, não são inéditos. Todos eles foram publicados ao longo de cento e cinquenta dias ininterruptos nos stories do meu perfil no Instagram. Este era o objetivo: primeiro publicá-los no perfil e depois reuni-los num livro. A meta foi cumprida.
Dada a natureza dos textos aqui reunidos, cabe ressaltar que não houve uma preocupação prévia quanto à unidade formal. A intenção era dar vazão às palavras conforme se apresentassem na sequência das postagens. Assim, o repertório ficou variado: aforismos, poemas, crônicas sucintas, meditações existenciais e reflexões filosóficas.
Há que se
acrescentar que este livro marca um recomeço. É minha rematrícula na vida após
um período de travessia por um deserto pessoal, em que percebi que escrever era
sobreviver. Seguirei acreditando no poder da palavra, na sua infinita
capacidade restauradora. O tempo agora é de levitar.
BREVIÁRIO DE LEVITAÇÃO - Seguido de 10 poemas enamorados
Joinville: Clube de Autores, 2023, 178 p.
Adquira seu exemplar no site do Clube de Autores
*****
Estou
de saída para uma peregrinação
rumo
a mim mesmo.
Não
sei quando volto.
Sairei
em breve, sem mochila,
cajado,
roteiro, mantimentos ou calçados especiais.
Não
me hospedarei em nenhum lugar,
a
caminhada será constante.
Irei
fundo, nas crateras desabitadas,
nas
fossas escuras,
nos
desertos sanguíneos.
Não
se trata de uma experiência mística,
nada
que passe pelo sagrado.
Quero
apenas descobrir em que ponto
da
vida eu me deixei pelo caminho.
Vou
em meu próprio resgate.
*****
Sexta-feira, onze de agosto
de dois mil e vinte e três,
meia-noite e quarenta e um.
Silêncio em Andrômeda,
um avião pousa em Tóquio,
um ovo eclode na lua,
um girassol brota no quarto
do leitor de Victor Hugo.
De repente um trovão,
a auricular matrícula da chuva.
E em meu peito, imóvel,
uma borboleta vulcânica.
Publicado em Novembro/22, o livro A construção da dimensão internacional da UNIPAMPA: estudos e casos de internacionalização reúne artigos de professores e pesquisadores sobre o tema da internacionalização da Universidade Federal do Pampa - UNIPAMPA.
Participo deste trabalho com um artigo (em coautoria com Lorena Paola Pereira Silva) que analisa o ingresso de estudantes uruguaios fronteiriços na UNIPAMPA.
FARIAS-MARQUES, Maria do Socorro de Almeida; MENDES, Fernanda Ziani. A construção da dimensão internacional da UNIPAMPA: estudos e casos de internacionalização. São Paulo: Pimenta Cultural, 2022.
DA ROLT, Clóvis; PEREIRA SILVA, Lorena Paola. Fronteira, integração e reconhecimento: reflexões sobre o ingresso de alunos uruguaios fronteiriços na Universidade Federal do Pampa.
O livro pode ser conferido, na íntegra, no link da editora Pimenta Cultural:
https://doi.org/10.31560/pimentacultural/2022.94906
www.amazon.com.br/Educação-Literatura-Maria-Haddad-Baptista-ebook/dp/B0B4F6TF98
Na edição do dia 02/03/22, o Jornal Pioneiro de Caxias do Sul destacou o lançamento do meu livro de ensaios Terra de exílio. A matéria, sensivelmente escrita pelo Andrei Andrade, reflete vários aspectos abordados no livro.
O conteúdo pode ser conferido, na íntegra, no link a seguir:
Encontra-se disponível para aquisição o meu livro Terra de exílio. Os treze ensaios que compõem o livro abordam temáticas relacionadas às Humanidades: literatura, leitura, arte, filosofia e educação.
As temáticas abordadas pelo autor não são necessariamente inéditas. Inédito é o olhar, ao mesmo tempo erudito e poético, que lança sobre elas, seja na leitura crítica de obras literárias, seja nas reflexões teóricas, seja nas incursões no universo da filosofia.
Terra de exílio, por suas qualidades, impõe-se como leitura compulsória para quem deseja fruir uma linguagem ensaística e mergulhar numa abordagem inovadora sobre diversos temas bastante caros à área das Humanidades.
João Claudio Arendt - Poeta e professor universitário
*****
O livro pode ser adquirido nos seguintes sites: Clube de Autores, Amazon, Estante Virtual, Americanas. Para adquirir diretamente com o autor, enviar e-mail para: cdarolt@hotmail.com
Na edição nº 31 (volume 13, set./dez. 2021) da Revista Antares, editada pelo Programa de Pós-Graduação em Letras e Cultura da Universidade de Caxias do Sul, foi publicado um ensaio em que analiso alguns aspectos da produção literária do escritor Joanim Pepperoni, PhD.
O texto Sátira cultural, letras jocosas e peripécias bufoliterárias em Joanim Pepperoni, PhD está disponível no link a seguir:
http://www.ucs.br/etc/revistas/index.php/antares/article/view/10298/4913
Encontra-se em preparação meu livro de ensaios: Terra de exílio. O lançamento está previsto para janeiro de 2022. Os ensaios abordam temas como educação, arte, filosofia, literatura e cinema.
O livro Educação, Artes e Literatura: Reminiscências, lançado em fevereiro de 2021, reúne textos ensaísticos produzidos por autores que refletem sobre as reminiscências em suas interfaces com a educação, a arte e a literatura.
Referência:
BAPTISTA, Ana Maria H. et al. (Orgs.) Educação, Artes e Literatura: Reminiscências. Belo Horizonte: Tesseractum, 2021.
Capítulo publicado:
DA ROLT, Clóvis. Notas sobre a sedução primeira: arte e literatura como formas de inoculação.
Lançado recentemente, em novembro/2020, o livro Memórias: da pluralidade metodológica reúne ensaios de autores que refletem sobre o tema da memória em diferentes contextos: arte, cultura, pesquisa, ciência. Participo desta coletânea com um texto em que abordo o tema da memória no filme O cidadão ilustre.
REFERÊNCIA:
BAPTISTA, Ana Maria H.; MARTINS, Edson Soares. Memórias: da pluralidade metodológica. Belo Horizonte: Tesseractum, 2020.
DA ROLT, Clóvis. Com uma mirada sem corpo: notas sobre a memória em O cidadão ilustre.
O livro pode ser adquirido no site da Amazon, no link:
https://www.amazon.com.br/Mem%C3%B3rias-metodol%C3%B3gica-Maria-Haddad-Baptista-ebook/dp/B08QW382RH
Movimento de Tai Chi. Audição aberta ao sussurro. Grão de sal na boca. Olho colado no buraco da fechadura. Cada poema aqui apresentado nos captura por seu sentido de concisão. Hino de singelezas, A cinza descerrada é o estalido perturbador que às vezes ouvimos ressoar pela casa durante a madrugada. É a matéria quase impalpável resultante das várias combustões a que submetemos a vida em seu destino de rupturas. Com sua poesia, Arendt nos mostra que é necessário muito pouco para deflagrar um espanto.
Na esteira de sua produção anterior, o poeta dá prosseguimento a uma dicção matizada por sua honestidade como autor. Não há aqui peripécias formais, maneirismos sazonais, nem os tendenciosos salamaleques tão presentes na produção poética atual – os quais lançam uma cortina de fumaça capaz de ocultar o que de fato importa na poesia. Os poemas de Arendt prescindem de agendas, pautas convenientes e panegíricos transitórios. Há aqui poesia que se instala lentamente. Ofício de cinzas a depositar e retirar camadas de sensibilidade. Tessitura fina de encantos e desencantos.
O conjunto de poemas de A cinza descerrada sustenta-se numa tônica contemplativa diante das urdiduras da temporalidade, das impotências humanas e da necessidade de assimilação de tudo aquilo que, em si mesmo, esconde um abismo. Contemplação que não é, de forma alguma, um gesto resignado. Mas um exercício de impregnação dialógica: dança de labaredas que incendeiam a linguagem em busca da poesia sob as cinzas resultantes. “Artifícios compensam / mas não revertem / o que em cada um de nós / o tempo deposita”, diz o poeta.
Ao longo da leitura dos poemas percebe-se uma tensão estabelecida entre o mundo natural e o mundo da cultura. Em alguns deles, à maneira dos haicais, o poeta nos apresenta fiapos de uma linguagem visivelmente impregnada pelas imagens da natureza, diante da qual o universo humano aparenta ser quase incômodo. “Vestir-se de amarelo / para fazer coro com os ipês”; “Fica em silêncio / e apenas escuta: / o canto das águas / a voz do vento / o rumor das aves”; “Como aves em face do abismo / as folhas não há quem ampare”, confidencia Arendt. O poeta percebe que tudo à sua volta constitui um ímpeto de comunicação, uma centelha prestes a fulgurar novos sentidos para a “fome de realidade” que é a poesia, segundo ensina Octavio Paz.
Partindo de uma atmosfera poética natural – sem, contudo, descartá-la –, a linguagem migra para a intimidade de lugares concretos, onde estão a casa, a rua e os objetos familiares. Esta inflexão toma a via do erotismo e da sedução diante da carga de conteúdos poéticos com que nos envolve o cotidiano. Tal qual as vozes de um madrigal discreto, estão ali a cozinha, o sofá, a panela, o filho, o sexo, o varal, as ceroulas. Assim, a cultura surge com sua carga desestabilizadora, situando o mundo humano num campo de disputas simbólicas.
Em A cinza descerrada, vemos um autor maduro que reverencia a poesia em seu caráter de revelação, sem render-se ao proselitismo do mercado editorial e sua nefasta lógica on demand. A leitura dos poemas encaminhou-me para Juan Gelman e Giuseppe Ungaretti, o que não significa, de forma alguma, uma busca por filiações ou linhagens, mas apenas uma sensibilidade partilhada que se pode constatar. É um fato: os poetas de verdade não têm qualquer pudor em invadir e serem invadidos.
Os poemas aqui reunidos nasceram de um poeta que parece estar ciente de que, conforme alertou a escritora Nélida Piñon, “estamos sempre nos movendo sobre os escombros dos que nos antecederam.” De certo modo, as heranças poéticas funcionam como horizontes para uma produção que almeje o mínimo de rigor e qualidade. Tratando-se de poesia, quando se nega a tradição, o que sobra é geralmente o pedantismo da boa vontade, do solipsismo e do talento autoproclamado.
Temos aqui uma poesia que se aprofunda em seu próprio fazer; que atinge seu valor pela via de sua integridade. Os poetas, de acordo com Percy Shelley, “são os legisladores secretos da humanidade, os primeiros a captar as verdades indispensáveis.” Fiquemos atentos, portanto, ao alerta que nos dão os poemas de Arendt. E o façamos mediante a consciência de que fomos lançados num fosso relativista onde tudo pode ser nivelado. Assim como se faz com as cinzas, há que se revolver a poesia como quem busca resíduos. Em meio à matéria consumida, perscrutemos a forma sobrevivente.
Clóvis Da Rolt
Na edição de 13/10/20, o jornal Pioneiro de Caxias do Sul destacou o lançamento do livro Mínimo Fôlego - poemas, aforismos, pensamentos.
Matéria completa no link: http://pioneiro.clicrbs.com.br/rs/cultura-e-tendencias/noticia/2020/10/poeta-bento-goncalvense-clovis-da-rolt-lanca-minimo-folego-seu-setimo-livro-14231902.html?fbclid=IwAR2yJUCkch6vSHxKlAUc89o6ABv6pmyqIjtN58IQ2B0IfbJd6JxdUA-ffBI
*****Não é o que você faz,é o que diz.Com palavrasrompem-se represas.*****O risco de estarna pele do outroé descobrir que nada mudou.*****Quebrar a pedraem dezenas de lascas.E ainda ter a pedra.*****Uma criançaque recebeu ajudapara andar de bicicletajamais esqueceráo valor da confiança.
Em breve mais um lançamento! Mínimo Fôlego reúne poemas, aforismos e pensamentos. São textos curtos e sintéticos que dialogam com o momento em que vivemos - momento de contenções e palavras asfixiadas.